Achados Clínicos:
Os sintomas principais incluem dor nas costas e alterações estéticas. A causa exata da dor não é completamente esclarecida, podendo ser resultado das alterações posturais ou de fadiga muscular devido à sobrecarga mecânica, o que pode contribuir para a progressão da curvatura. O aumento da cifose torácica pode levar a um aumento compensatório da lordose lombar para manter o equilíbrio do tronco, podendo levar ao desenvolvimento de lombalgia devido à sobrecarga das articulações facetárias (síndrome facetária).
A dor pode ser exacerbada pela posição em pé ou após atividades físicas intensas, e pode ser aliviada pelo repouso. O desconforto é frequentemente localizado no ápice da deformidade, onde há maior sobrecarga mecânica.
O aumento da deformidade pode causar desconforto em relação à aparência do corpo, resultando em autoconsciência em relação a uma possível “corcunda”.
Durante o exame físico, o paciente pode ser solicitado a se inclinar para frente, apoiando as mãos nos joelhos. Enquanto em um paciente normal observamos uma cifose torácica leve e harmônica, em um paciente com cifose de Scheuermann, encontramos uma cifose aumentada, aguda e rígida. É comum encontrar encurtamento da musculatura posterior da coluna, das pernas e do peitoral.
Achados Radiográficos:
De acordo com a Sociedade de Pesquisa da Escoliose (SRS), a cifose torácica normal, medida da primeira à última vértebra torácica (T1 – T12), varia entre 20 e 45 graus. A lordose lombar normalmente fica entre 50 e 70 graus. A coluna tóracolombar geralmente é neutra, com o centro de gravidade passando de T1 (primeira vértebra torácica) até a região anterior do sacro.
Na cifose de Scheuermann, a cifose torácica normalmente é maior que os 45º. As vértebras no ápice da cifose torácica geralmente apresentam alterações radiográficas características, como irregularidades nas placas terminais, acunhamento das vértebras, aumento do comprimento dos corpos vertebrais, diminuição do espaço discal e nódulos de Schmorl.
Evolução:
A evolução da doença pode variar e nem sempre segue um curso bem definido. Alguns pacientes podem apresentar quadros de dorsalgia e fadiga que desaparecem no final da maturidade esquelética, enquanto outros podem persistir com deformidades graves. Problemas posturais podem persistir na vida adulta, embora complicações neurológicas sejam raras.
Tratamento Conservador:
O tratamento conservador é baseado na magnitude da curva, na presença de dor e na idade do paciente. Adolescentes com curvas entre 45 e 55 graus geralmente necessitam apenas de programas de reabilitação muscular, ganho de flexibilidade e acompanhamento radiográfico até a maturidade esquelética. Pacientes com cifose maior que 55 graus na região torácica ou 40 graus na região toracolombar devem ser submetidos a programas de exercícios e imobilização com coletes. A eficácia do colete depende da idade do paciente, do tempo de uso diário e do tamanho da curva, sendo utilizado até que ocorra a correção completa da deformidade, incluindo a reversão parcial do acunhamento dos corpos vertebrais, e mantendo o uso por pelo menos um ano após o fechamento da apófise ilíaca (ossificação da cartilagem da bacia).
O tratamento com colete é contra-indicado em pacientes com maturidade esquelética ou no fim do crescimento da coluna (Risser maior que 3).
Os problemas cardio-respiratórios são mais comuns em deformidades maiores que 100 graus, enquanto alterações neurológicas são raras. Deformidades acima de 75 graus tendem a progredir com o tempo.