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Tumores da coluna vertebral

Tumor é o termo usado para designar uma proliferação celular anormal, excessiva, descoordenada, sem autorregulação. O tumor pode ser benigno ou maligno (câncer).

O tumor benigno geralmente é único, não apresenta risco de metástase e quando ressecado de forma completa, não costuma aparecer novamente.

Os tumores malignos podem se disseminar para outros órgãos através das metástases, podem destruir tecidos do indivíduo, produzir substâncias que afetam o funcionamento do organismo, levando ao óbito.

Os sintomas vão variar de acordo com o tipo de tumor, a localização e se causam compressão dos nervos e artérias. Os principais sintomas são:

  1. dor nas costas ou cervical
  2. dor nos braços e/ou pernas
  3. fraqueza nos braços e/ou pernas
  4. emagrecimento
  5. perda do controle para urinar e evacuar
  6. febre, mal estar, fadiga, apatia, falta de apetite
  7. presença de caroços ou nódulos

Fatores de risco são:

  1. tabagismo
  2. história familiar ( genético)
  3. exposição a radiação ou toxinas cancerígenas
  4. dieta de má qualidade

O tumor na coluna é diagnosticado durante a propedêutica usual para uma dor na coluna  ou nos membros. Após uma avaliação detalhada do médico, exames de imagem são solicitados.

As radiografias mostram imagens sugestivas de tumores geralmente numa fase mais avançada, já com grande destruição óssea, ou fratura patológica.

A ressonância mostra detalhes importantes das lesões tumorais, possível compressão dos elementos neurais, ajuda na programação cirúrgica e é um exame de extrema importância na condução do caso.

A tomografia permite visualizar melhor os detalhes ósseos, a destruição da vértebra e auxilia na avaliação da estabilidade do segmento e na programação cirúrgica.

A cintilografia óssea é um bom exame para estudar a presença de metástases ósseas. Detecta lesões pequenas, em torno de 2 milímitros, podendo antecipar em 3 a 18 meses as alterações no exame radiográfico.

Os exames clínico e de imagem vão sugerir para o especialista a possibilidade da presença de um tumor. No entanto, o diagnóstico é confirmado através da biópsia e estudo anátomo-patológico.

O tratamento do tumor deve ser discutido com o oncologista e o especialista em coluna. Vai depender do tipo de tumor, se é benigno ou maligno, se responde bem a quimioterapia e a radioterapia, se está aumentando de tamanho e se produz sintomas.

TUMORES BENIGNOS

NÓDULO DE SCHMORL

O nódulo de Schmorl é encontrado com muita frequência nos exames de ressonância magnética e não é um tumor. Trata-se de uma pequena hérnia de disco, na qual o conteúdo do núcleo pulposo invade parte do osso. Geralmente é assintomático mas pode provocar dor e edema vertebral na sua fase aguda. O tratamento é conservador.

OSTEOMA OSTEÓIDE

São lesões pequenas, chegando até 2cm, mais comum na segunda e terceira décadas de vida, acometendo mais homens que mulheres. Geralmente aparecem na parte posterior das vértebras.

A dor é o principal sintoma, pode ser pior à noite, e é aliviada com salicilato. O paciente pode desenvolver escoliose atípica como reflexo do tumor. Essa escoliose tende a sumir após o tratamento do osteoma osteoide

Radiograficamente, o osteoma osteóide caracteriza-se por um nicho bem delimitado envolto por tecido ósseo esclerótico. Crescem perto do periósteo e podem provocar formações fusiformes.

A cintilografia é útil para localizar a lesão. A ressonância hiperestima a lesão devido a hiperemia circunjacente. A tomografia mostra com clareza o nicho (área ativa do tumor) e a área de esclerose óssea ao redor.

O osteoma osteóide desaparece ao longo de alguns anos e deve ser ressecado somente quando os sintomas estão intensos e não respondem ao tratamento conservador. As opções cirúrgicas são a resseção cirúrgica (aberta ou por vídeo-endoscopia) e ablação por radiofrequência.

Foto tomografia mostrando osteoblastoma na coluna torácica

OSTEOBLASTOMA

São lesões que apresentam os tecidos tumorais parecidos com os do osteoma osteóide. No entanto são lesões mais agressivas e  maiores que 2 cm. Até 50% dos osteoblastomas ocorrem na coluna lombar.

A dor é o sintoma mais importante.

O objetivo do tratamento  deve ser a completa retirada do tumor para evitar a recidiva. No entanto deve ser ponderado de acordo com a morbidade cirúrgica.

CISTO ÓSSEO ANEURISMÁTICO

É uma lesão rara, que acomete pessoas abaixo de 20 anos.  Não são considerados neoplasias, mas um cisto preenchdo de sangue, que destrói e afina a cortical (parede) do osso. Aproximadamente  20% ocorrem na coluna vertebral, na região posterior e corpo das vértebras. Geralmente aumentam de tamanho mas também podem retornar a um estágio latente e até regredir de forma espontânea.

A dor é o sintoma mais comum.

A radiografia simples pode demonstrar  cavidade osteolítica expansiva, insuflativa, com aparência de bolha. Pode provocar enfraquecimento das paredes ósseas, levando ao colapso vertebral.

A tomografia e a ressonância podem mostrar nível liquido, sugestivo do cisto ósseo aneurismático.

Apresentam alto índice de cura com ressecção e curetagem da lesão.

HEMANGIOMAS

São lesões comumente encontradas acidentalmente na coluna vertebral. Aparecem nas imagens de ressonância, geralmente solicitada para avaliação de outro problema. Correspondem a 7% de todas as lesões benignas da coluna.

Raramente produzem sintomas. A dor aparece quando a lesão é muito grande, podendo levar à uma fratura vertebral. Nesses casos, a vertebroplastia percutânea ( aplicação de cimento ósseo dentro de corpo vertebral) é uma excelente opção de tratamento.

Foto de ressonância com hemantioma

TUMOR DE CÉLULAS GIGANTES

São lesões benignas com comportamento agressivo, causando destruição progressiva da vértebra, podendo causar fraturas patológicas, compressão de nervos e até mesmo produzir metástases.

Acomete pessoas entre 20 e 40 anos, com predominância no sexo feminino.

A dor é o sintoma mais importante e até 30% dos pacientes podem apresentar déficit neurológico.

Radiografias mostram lesões destrutivas e expansivas, com irregularidades das paredes ósseas. A ressonância pode mostrar produção de tecido tumoral desviando grandes vasos (aorta, cava, ilíacas), vísceras e compressão da medula ou nervos.

O tratamento é cirúrgico e deve ser cuidadosamente planejado, já que a ressecção incompleta aumenta muito o risco de recidiva do tumor.

GRANULOMA EOSINOFÍLICO

É uma lesão benigna observada em crianças abaixo dos 10 anos e raramente em adultos.

Manifesta-se com dor e raramente causa algum tipo de compressão medular. A radiografia pode mostrar o corpo vertebral colapsado entre os discos, dando aspecto da “vértebra plana de Calvé”.

O tratamento conservador é o usual e a vértebra normalmente se remodela com o crescimento. O tratamento cirúrgico é reservado para pacientes com déficit neurológico, o que é bem raro.

 

TUMORES MALIGNOS

MIELOMA MÚLTIPLO

É o tumor ósseo primário mais comum, mais presente no sexo masculino, geralmente após os 50 anos. A coluna vertebral é o local mais acometido, seguido por arcos costais, crânio, pelve, clavícula e escápula.

As radiografias podem  mostrar lesões destrutivas e fraturas patológicas.

O paciente geralmente sente dor na coluna. Pode apresentar anemia, alteração da função renal, imunossupressão e alterações em exames laboratoriais como eletroforese de proteína e presença de proteína de Bence-Jones.

O tratamento é orquestrado pelo oncologista ou hematologista e inclui quimioterapia e/ou radioterapia. A cirurgia é reservada para pacientes que apresentam fraturas patológicas, instabilidade vertebral, déficit neurológico progressivo e dor intratável com analgésicos.

OSTEOSSARCOMA

O osteossarcoma é um tumor maligno caracterizado pela formação de tecido ósseo desorganizado. É a segunda neoplasia óssea primária mais comum, perdendo somente para o mieloma múltiplo. Acomete pessoas abaixo dos 20 anos, predominando no sexo masculino. As causas são multifatoriais: genética, ambiental e constitucional.

Os sintomas mais comuns são dor e aumento de volume.

As radiografias mostram lesões destrutivas com calcificações de partes moles, produção óssea de forma desorganizada, podendo apresentar colapso dos corpos vertebrais. O diagnóstico é confirmado com biópsia.

O tratamento é difícil e o prognóstico depende da agressividade do tumor, do tamanho, do local acometido e principalmente se são passíveis de ressecção completa em bloco.

CONDROSSARCOMA

É o terceiro tumor primário mais comum, ocorrendo geralmente após os 40 anos. Também predomina no sexo masculino. O principal sintoma é dor e massa palpável. Apenas 5% das pessoas com condrossarcoma apresentam déficit neurológico.

A radiografia mostra uma área extensa de destruição óssea com uma grande massa com calcificações irregulares.

São tumores resistentes à quimioterapia e radioterapia e o tratamento mais efetivo é a ressecção cirúrgica ampla.

SARCOMA DE EWING

É o quarto tumor mais comum dos ossos, mais comum em pacientes abaixo de 30 anos. Comumente os sarcomas de Ewing aparecem em ossos longos (fêmur, tíbia, úmero) e menos frequente na coluna.

Dor é o principal sintoma. Normalmente a dor é leve ou moderada sendo aliviada com analgésicos.

As radiografias dos ossos longos tem imagens típicas que mostram lesões em casca de cebola. Nas vértebras encontramos destruições inespecíficas.

O tratamento deve ser discutido com a equipe médica e geralmente baseia-se na combinação de quimioterapia, cirurgia e radioterapia.

Figura – ressonância mostrando fratura patológica por tumor na coluna cervical

METÁSTASE ÓSSEA

Metástase é a disseminação da célula cancerígena por meio da corrente sanguínea ou linfática, instalando-se outros órgãos do organismo. As metástases são as lesões tumorais mais frequentes no esqueleto, sendo 40 vezes mais comum que todas os tumores primários juntos. O osso é o terceiro lugar mais comum de metástase, perdendo somente para o pulmão e fígado. As principais metástases são de câncer de mama, próstata e pulmão.

A dor é o principal sintoma, e geralmente aparece precocemente. Piora no período noturno, pode despertar o paciente, sem caráter mecânico e normalmente não alivia em repouso. O déficit neurológico pode ocorrer pela compressão direta da medula pelo tumor ou após uma fratura patológica.

O tratamento ortopédico dos tumores metastáticos visam a estabilidade da coluna, preservação da função neurológica, alívio dos sintomas, melhora da qualidade de vida e cura quando possível. Cada paciente deve ser avaliado pela equipe para que a melhor conduta seja tomada.

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